Vivemos tempos inusitados e de grandes desafios. Epidemia não é novidade. Durante as últimas décadas a humanidade passou por várias delas, incluindo o Ebola, Zika, Dengue, H1N1 e Chikungunya.
No entanto, a infecção Covid-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), é diferente.
Inicialmente reportada na China, em dezembro de 2019, ela se alastrou pelo mundo em pouco tempo, causando enorme impacto mundial nos sistemas de saúde, na economia e no modo de viver da população. Até o presente momento, o número de casos confirmados no mundo ultrapassa a casa de 2 milhões. Destes, cerca de 1.4 milhões de pessoas encontram-se em tratamento, aproximadamente 500 mil pessoas já se recuperaram e mais de 140 mil foram a óbito.1 A letalidade global da doença, documentada até o momento, se aproxima de 10%, chegando à casa dos 20% entre idosos acima dos 80 anos de idade1,2. No entanto, considerando que ainda há um déficit muito grande de diagnóstico de pacientes assintomáticos, é provável que esses números sejam superestimados.
No momento, temos ruas desertas, lojas fechadas e um prejuízo para economia mundial incalculável. De modo geral, apesar de os diversos países e regiões do mundo estarem vivenciando fases temporalmente distintas da pandemia, ainda se tem documentado um aumento global do número de casos novos. Apesar de intensa pesquisa em torno do desenvolvimento de uma vacina e de medicações eficazes, não há até o dia de hoje evidência de um tratamento específico para a infecção Covid-19. Portanto, tudo indica que definitivamente ainda não é a hora de baixarmos a guarda. Medidas de prevenção de contágio, sendo a principal delas o distanciamento social, continuam sendo expressamente recomendadas pela Organização Mundial de Saúde1.
A infecção manifesta-se, na grande maioria dos casos, como uma gripe ou resfriado. Dor de cabeça, febre, dor no corpo, indisposição, coriza, tosse e espirros são os sintomas gripais mais frequentemente reportados. Em cerca de 80% dos infectados, a gripe geralmente melhora em poucos dias. No entanto, principalmente em idosos e pessoas com comorbidades prévias (pressão arterial elevada, diabetes mellitus, problemas cardíacos, oncológicos, etc.), a doença pode ter um curso mais grave, com febre alta, falta de ar, necessidade de internação hospitalar e maior risco de complicações que ameaçam a vida.1,3
Nas próximas linhas, apresento um resumo sobre a Covid-19, em forma de perguntas e respostas, abordando as dúvidas mais frequentes de pacientes. Este é o primeiro texto de uma série sobre Doenças Neurológicas e Covid-19 que vou publicar nos próximos dias aqui no meu blog de neurocirurgia. Neste primeiro artigo, você encontrará um resumo de questões mais gerais sobre a doença. Nos próximos textos, discutiremos dúvidas mais relacionadas a apresentações neurológicas da doença e orientações para pessoas que já possuem alguma condição neurológica, tais como Doença de Parkinson e Esclerose Múltipla.
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